Silêncio, sombras no meu cinzeiro
sentimentos sortidos rasgados pelo ar
o gosto do café o cheiro da fumaça
a véspera da tosse e páginas em branco
Na janela onde a poeira apodrece
no fundo do meu sonho morto
eu tenho simpatia pela solidão
ela ao contrário do que pensam
não vem sem ser chamada
ela vem na hora certa calma e quente
quando eu mais preciso
Ai então nos embriagamos juntos
nos amamos em nosso infinito cinza
então rimos dos céticos
dos loucos tentando entender o mundo
dos trabalhadores de futuro incerto
dos tolos apaixonados
dos cegos lideres do povo
e sua corte de escravos livres
E choramos
sim nós choramos profundamente
pelos suicídas
pelos gênios decapitados
pelos heróis apedrejados
e pelos que tiraram sua vestes
para alimentar a fogueira da inquisição
Eu tenho uma grande simpatia pela solidão
quando ela chegar não a mande embora
ela sabe a hora de ir
não a envenene
Apenas aprenda o que ela tem para ensinar.